sejam bem vindos ao espaço de todos nós!!

11 de junho de 2008

Orientação Profissional: a prática

LINHA DO TEMPO – A HISTÓRIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

1902 - Nasce como uma prática, cujo objetivo estava diretamente ligado ao aumento da eficiência industrial. É criado o 1º centro de Orientação Profissional em Munique.
1907 e 1909 – A criação do 1º centro Norte americano e a publicação do livro “Escolhendo uma profissão” de Frank Parson, agrega a OP idéias da psicologia e pedagogia e a preocupação com a escolha profissional de seus jovens.
1920 e 1930 – A OP sofre influência da psicologia diferencial e da psicometria, por conta do grande desenvolvimento dos testes de inteligência, aptidões, habilidades, interesses e personalidade, durante a 1ª e 2ª guerras mundiais. OP como processo diretivo , com o olhar do indivíduo adequado a profissão. Este processo costuma ser identificado com a Teoria do traço e vetor.
1942 – Carl Rogers lança as bases da sua teoria centrada no cliente, que aproxima conceitos da psicoterapia e aconselhamento, sua teoria passa a ser um marco na transferência das práticas em OP.
A partir da década de 50, várias teorias surgem dando continuidade as transformações da década anterior.
1953 – Foi publicada a Teoria do Desenvolvimento vocacional de Donald Super.
1959 – Teoria Tipológica de John Holland.
Décadas 50 e 60 – Publicadas Teorias psicodinâmicas da escolha profissional, baseadas na psicanálise, teoria de satisfação e teoria de tomada de decisão.

NO BRASIL

1924 – Criação de seleção e orientação profissional para alunos do Liceu em SP, sob a responsabilidade do engenheiro Suíço Roberto Mange.
No seu nascimento a OP estava ligada a psicologia aplicada que vinha desenvolvendo-se junto com a medicina, educação e a organização do trabalho.
Décadas 30 e 40 – A OP ligou-se a Educação.
1934 – A OP foi introduzida no serviço de educação do Estado de SP, por iniciativa de Lourenço Filho.
1944 – Foi criada a Fundação Getúlio Vargas, que estudava a Organização Racional do trabalho e a influência da psicologia sobre a mesma.
1945 e 1946 – A FGV ofereceu com o auxílio do governo Brasileiro o curso de seleção, orientação e readaptação profissional, ministrado pelo psicólogo e psiquiatra espanhol Emílio Mira y López.
1947 – É fundado o Instituto de seleção e orientação profissional (ISOP) junto à FGV.
1962 – A regulamentação da profissão de psicólogo, influência os rumos da OP no Brasil.
1970 – O Instituto de seleção e orientação profissional (ISOP) torna-se um órgão normativo da Psicologia, tendo seu nome alterado para Instituto Superior de Pesquisa Psicológica.
A Orientação Profissional brasileira realizada por psicólogos foi influenciada diretamente pela Psicanálise e, especialmente, pela Estratégia Clínica de Orientação Vocacional do psicólogo argentino Rodolfo Bohoslavsky
Maria Margarida de Carvalho : Grande idealizadora do processo grupal em Orientação Profissional. Foi a 1ª professora de Orientação Profissional, ministrava suas aulas na USP.

TEORIAS

Frank Parson (1907/1909)
Carl Rogers (1942) - Teoria Centrada no paciente
Donald Super (1953) - Teoria do Desenvolvimento profissional
Roe (1956) - Teoria das Necessidades
John Holland (1959) - Teoria da Tipologia

CONCEITUAÇÃO

Independente da linha teórica do profissional, há um consenso sobre a orientação profissional como processo de fazer o indivíduo descobrir suas habilidades naturais e conhecer as fontes de atividades disponíveis, a fim de que consiga resultados positivos de bem estar pessoal. A orientação é um processo dinâmico que mobiliza o orientando a se auto descobrir, conhecendo suas habilidades, potencialidades, profissões e inclusive seu momento pessoal, traçando um plano de vida. Podendo ser denominada orientação profissional, vocacional ou ocupacional.

MODALIDADE DE TRABALHO: O trabalho pode ser desenvolvido dentro de instituições ou em consultório de forma individual ou em grupo.

1ª Entrevista : objetivo elaboração do primeiro diagnóstico, facilitar a comunicação com o cliente ao nível que permita ao psicólogo conhecer seu cliente e este compreenda o processo que juntos poderão iniciar.

1º Diagnóstico: objetivo facilitar a compreensão da identidade vocacional do entrevistado.

Prognóstico: objetivo decidir a estratégia e se orientador terá condições de atender as necessidades deste cliente.

Estratégia de Trabalho:
Enquadre ( regras, nº de sessões, tempo de duração das sessões, valores, ...)
Quais os instrumentos serão utilizados e de que forma (Entrevistas ,Testes , Dinâmicas, Informação ocupacional).

Roteiro para entrevista

Dados pessoais
Histórico familiar
Saúde e estado físico
Situações marcantes
Histórico escolar (antecedentes e atual)
Aplicação do tempo
Dificuldades e problemas
Aptidões
Interesses e atividades habituais
Objetivos profissionais

Gostaríamos que este texto fosse recebido apenas como um roteiro para o aprofundamento do conhecimento desta prática, tão interessante e necessária nos dias atuais.

Adriana Bonneterre e Sandra Santos

2 de junho de 2008

Falando sobre Gestalt-Terapia, por Sergio T.Monte

A Gestalt-Terapia sempre foi uma abordagem controvertida. Seu próprio nome já nasceu sob acaloradas discussões no denominado “grupo dos sete”(juliano, 2004) que divergiam sobre qual nome dariam a nova terapia que surgia, numa época em que a escola da psicanálise era questionada e vários dissidentes rompiam com Sigmund Freud para formar sua própria maneira de compreender a complexidade humana
Quanto à origem do nome desta abordagem melhor deixarmos que juliano explane:

“Ao perguntar a qualquer Gestalt Terapeuta a respeito da origem de sua
abordagem podemos obter duas respostas bastante divergentes e polêmicas:
para alguns, o fundador é Fritz Perls; para outros, não se pode falar de um
fundador, mas de um grupo de fundadores: “o grupo dos sete” que
compreendia um médico, um educador, dois psicanalistas, um filósofo, um
escritor e um especialista em estudos orientais. Não se trata, no caso, de uma
divergência puramente histórica, mas sim de duas maneiras diferentes de se
pensar e praticar a Gestalt-Terapia.
Além dessa divergência quanto à origem, temos também a questão de qual o
livro que melhor representa a abordagem. O livro da discórdia, o mais discutido
e certamente o que expressa as várias contraposições, permanece sendo o
Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the Human Personality (1951) de
Perls, Hefferline e Goodman. Estamos falando mais precisamente da segunda
parte desse livro, escrito por Paul Goodman a partir de apontamentos de Fritz
Perls, na época com 58 anos.
O chamado "grupo dos sete", que era constituído por Fritz Perls, sua esposa
Laura, Paul Goodman, Isadore From, Paul Weisz, Elliot Shapiro e Sylvester
Eastman, muito experimentou e aprofundou esta parte do livro, sempre o
considerando como "a Bíblia" da Gestalt.
O "Gestalt Therapy" foi publicado há 40 anos. É razoável considerar este
evento como o o nascimento da Gestalt. Foi aí que o termo foi usado pela
primeira vez, apesar das discussões entre o grupo. Para Laura, devia chamar-se
"Psicanálise Existencial". Esse nome foi recusado por questões
mercadológicas (na época o existencialismo de Sartre era considerado
demasiado niilista nos Estados Unidos). Hefferline queria que o livro se
chamasse "Terapia Integrativa", o grupo dos sete como um todo queria chamá-lo
"Terapia Experiencial"; Perls queria chamá-lo "Terapia de Concentração",
para se opor à associação livre da Psicanálise. O nome "Gestalt-Terapia"
provocou acalorados debates, principalmente com Laura, que conhecia muito
bem a Psicologia da Gestalt e não achava que esse nome era pertinente. Paul
Goodman, por sua vez, como bom anarquista, achou o termo muito "esotérico
e estranho", mas por isso mesmo o apoiou. Esse texto veio propor uma
nova teoria e mudança em alguns paradigmas teórico-clínicos da psicoterapia
da época..”(idem)

A Gestalt-Terapia fundamenta-se filosoficamente no Humanismo, pois em 1961 reuniu muitos teóricos descontententes com as psicoterapias da época. Estas psicoterapias haviam reduzido o homem a uma condição de objeto de estudo , sem responsabilidade nem possibilidade de crescimento.
A psicologia humanista sustenta que todo comportamento humano é normal e acentua o desenvolvimento do potencial humano
Existencialismo, pois acredita que a experiencia humana é singular e intransferível, ou seja cada pessoa é responsável por seu projeto de vida e sua liberdade relativa no convívio com seus pares.
Fenomenologia, para alguns esta base é a principal base da GT, pois a descrição do fato existencial é mais importante que a explicação do mesmo; a auto-percepção da vivência singular e imediata é essencial e o processo fundamental é o que se desenvolve no aqui-agora.
Filosofias Orientais- Taoismo e Zen Budismo - Fritz Perls tinha uma personalidade inquieta(chegou mesmo a ser conhecido como o “rei dos Hippies”!) com sessenta e sete anos fez uma série de viagens, começando em Israel e indo para Japão, entrou em contato com a filosofia budista e desta viagem tirou influencias importantes para a GT como a expressão espontânea do cliente, a importância do corpo, a liberação das interjeições de significado moral, como: deverias, poderia... etc.; a integração das polaridades opostas na pessoa como por exemplo se uma pessoa é boa demais para as pessoas é má para ela mesma ; a concentração no aqui-agora e aceitação daquilo que é.

Bases teóricas
A Gestalt-Terapia encontra apoio na Psicologia da Gestalt(Psicologia da Forma); na Teoria de campo de Kurt Lewin( a pessoa e suas fronteiras) e na Teoria Organísmica de Kurt Goldstein( O organismo é capaz de se auto-realizar ou se auto-ajustar ao meio em que vive)

Pressupostos básicos
- Self suporte como conceituação básica, ou seja o ser humano tem o necessário para enfrentar a vida, bastando somente tomar consciência deste aparato.
- Integração entre o sentir, o pensar e o agir; entre passado, presente e futuro
- mudança paradoxal - A pessoa passa ser outra coisa quando se aceita como é.
- O ser humano como determinante e determinado – todo os desajustes encerra uma parcela de responsabilidade individual e outra social.
- O ser humano é um ser em relação - comprometer-se se se abrir mão de sua independência social e responsabilizar-se pela aceitação ou rejeição dos limites impostos pela sociedade.

Principais conceitos
Contato e Fronteira de contato
– considerando que a pessoa não está “amorfa” em no ambiente em que vive os fenômenos vivenciais deste organismo se dá no limite desta forma, na fronteira de contato entre o corpo e os estados internos ou entre a pessoa e o seu meio que pode ser animado(animal, vegetal) ou inanimado (vento, pedra...). O contato pode ser nos níveis cognitivo, emocional e comportamental.
O mecanismos de evitação de contato são:
- introjeção – os valores são “engolidos” pela pessoa sem no entanto fazerem parte dela ou serem questionados.
- Projeção – Atribuir aos outros aspectos indesejados em nós mesmos.
- Confluência – Tentativa de eliminação de conflito pela perda de de limites individuais, o uso do “Nós” - “_Nós não aprovamos isto”.
- Retroflexão – Eu faço a mim mesmo o que gostaria de fazer ao outro
- Deflexão – Evitação do contato. Ao começar um assunto que que “dói” a pessoa muda de assunto.
- Fixação – o “apegar-se” demais por medo de perder algo.
- Dessensibilização- processo em que a pessoa está “fria” e “distante” do meio e do contato.
- Proflexão – processo em pelo qual a pessoa deseja que as pessoas sejam como ela deseja que eles sejam ou deseja como ela própria é.
- Egotismo – processo em que a pessoa se coloca sempre no centro das coisas.
Awareness – Ou “Dar-se conta”. Foi traduzido como “Consciência”, mas vai além dela. Awareness significa ter a visão clara e total de uma situação que a princípio parecia complicada. Para isto a pessoa precisa “estar pronta e amadurecia” para poder chegar até lá. Neste sentido O termo “Awareness” é um processo. No Zen Budismo representa o “Torá”
Figura e fundo – No meio em que a pessoa vive o termo figura e fundo está sempre interligados. Ao ler um livro, este é figura e todo o resto do mundo é fundo. Ao sentir sede, o livro passa ser fundo e o sentimento de sede passa a ser figura. Então quando se satisfaz esta necessidade o livro passa a ser figura de novo.
Aqui-agora – Nada existe fora do “agora”. O passado passou e o futuro não existe.
Polaridade – O indivíduo deve funcionar de forma equilibrada em pólos opostos nos planos emocionais, de percepção ou atributos que orientam o processo de existência do ser. Por isto o objetivo da GT é integrar as polaridades.

Técnicas
Exercício de Awareness: “ O que estou fazendo agora?”, “Oque sinto agora?”, “ O que tento evitar agora?”. “O que quero e espero?”
Cadeira vazia – para projeção de conteúdos introjetados ou união de polaridades
Dramatização – experimentação do “mostrar como” e não “falar sobre”
Ampliação – exagerar sentimentos reações emocionais do indivíduo.
Trabalho com sonho – descrição seguida de dramatização do sonho em suas várias facetas. Em gestalt os sonhos representam situações inacabadas ou gestalts inacabadas que forçam o cliente a revivê-las até fechá-las e começar um novo processo de gestalt
viagem de fantasia – a possibilidade do cliente projetar seus desejos, medos e etc. Com a s vivências, existe a possibilidade de conscientização das necessidades.

Método
Experimento – O objetivo da GT é fazer entrar em contato e em se tornando o que se é , estará livre para ser outra coisa. Para isto Vivenciar, sentir e provar de um modo simbólico, uma situação temida ou esperada, afirma o caráter experiencial da GT
Existem ainda muitos outro conceitos não expostos aqui com o intuito de não densificar este artigo, contudo quero ainda falar do terapeuta. Sendo uma abordagem que preza a espontaneidade, cada terapeuta tem seu “estilo”. Que podem ser divididos em duas principais categorias: Os “peles vermelhas”, extremante vivenciais e os “caras pálidas” que utilizam mais a fala no setting terapêutico.
Assim, considero esta abordagem muito rica e mesmo com toda esta diversidade ainda sim tem suas próprias maneiras de ser e é reconhecida no mundo inteiro.
Sergio T. Monte é Gestalt-terapeuta, especializando em Terapia Sistêmica pela IPHEM.

As informações contidas no texto são de responsabilidade do autor.

Se quiserem saber mais:

- Aguiar, Luciana; Gestalt-Terapia com crianças- Teoria e prática; Campinas-SP; Livro Pleno; 2005.

- Fagan, J. e Shepherd, I.L. - Gestalt-terapia - teoria, técnicas e aplicações , Rio de Janeiro:Zahar, 1980.

- Ginger, S e Ginger,A.-Gestalt- uma terapia do contato , São Paulo: Summus, 1995.

- Juliano, Jean Clark; IGT na Rede; artigo;Gestalt-terapia revisitando as nossas histórias; ano 1, n°01 2004; disponível em:<http://www.igt.psc.br/ojs/viewarticle.php?id=33&layout=html>. Acesso em: 01 de Jun 08.

- Kiyan, Ana Maria Mezzarana; E a Gestalt emerge, vida e obra de Frederik Perls, São Paulo, Altana,2001.

- Perls, F. - A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia , Rio de Janeiro: Zahar, 1981

- Escarafunchando Fritz -dentro e fora da lata de lixo , São Paulo: Summus,1979

- Goodman, P. e Hefferline R.- Gestalt therapy, 3a.edição, New York:Crown, 1980

- A abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia Rio de Janeiro: Zahar

- Ribeiro, J. P. - o ciclo do contato , são paulo: summus, 1997 .

Profissionais

Adriana Bonneterre - CRP 05/31697
Graduada em Psicologia - Universidade Estácio de Sá
Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

Sandra Santos - CRP05/31553
Graduada em Psicologia - Universidade Estácio de Sá
Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro


Serviços oferecidos:

Atendimento clínico - individual e grupo
Atendimento domiciliar

Atendimento Pré e Pós cirúrgico
Consultoria para hospitais e clínicas

Orientação Profissional
Cursos, palestras
Grupos de estudo

Contatos:
Adriana Bonneterre - (11) 9586-0810

Sandra Santos - (21)7849 0540
Id 81*59910
psiclinicaehospitalar@hotmail.com