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2 de fevereiro de 2008

Psicologia e Espiritualidade no contexto hospitalar

Diante de tantos relatos que descrevem a importância da fé no processo de cura das doenças físicas, um novo olhar emerge na busca da compreensão do homem, o modelo biopsicoespiritual, cujo conceito surge na reaproximação entre a ciência e a fé, após quase 300 anos de afastamento.
Com base em pesquisas e experiências vivenciadas pelos profissionais da área de saúde, principalmente médicos e psicólogos, tornam-se evidentes os efeitos exercidos pela fé na melhoria e muitas vezes na cura das doenças. Muitos profissionais continuam céticos a este respeito, enquanto outros consideram fundamental este olhar holístico no tratamento de seus pacientes, retornando assim a uma visão proposta por Platão e Hipócrates.
Observa-se nesse primeiro momento o quanto a temática é abrangente, instigante e polêmica, já que a formação dos profissionais da área de saúde, sobretudo dos médicos, privilegia um pensamento cartesiano, onde o que vale a pena ser investigado é da ordem do concreto.
Para os psicólogos que lidam com o subjetivo, aparentemente pode ser mais aceitável este velho-novo modelo biopsicoespiritual. Porém há muito a ser pesquisado, na medida que este universo espiritual é permeado de dúvidas e tabus, já que falam dos segredos para uma boa vida e também para uma boa morte, assunto esse muitas vezes difícil de ser pensado, pois remete à finitude, pelo menos nesta dimensão.
Ao iniciar esta reflexão torna-se necessária algumas definições quanto aos conceitos de religião, espiritualidade e ciência. No livro Fronteiras da Ciência e da Fé (Gaia, São Paulo,2006), Dr. Roque Marcos Savioli, estabelece conceitos bastante interessantes para do que seja religião, religiosidade e espiritualidade, os quais serão abordados resumidamente a seguir :
Religião é um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos que facilitam a aproximação com o sagrado ou transcendente.
Religiosidade é a manifestação exterior das crenças e cultos.
Espiritualidade é a busca das respostas para as questões mais urgentes da nossa vida e o significado da nossa existência.
Quanto a definição de ciência, segundo Dalai Lama, é a busca do conhecimento sobre a natureza da realidade, através da investigação crítica. (
http://www.projetoockham.org/)
No que diz respeito ao contexto hospitalar, o psicólogo está inserido em um ambiente, onde os profissionais envolvidos tiveram diferentes formações, com diferentes olhares para o mesmo foco, “o paciente”, isto implica em uma rede de relações de alta complexidade. Porém, a qualidade desse vínculo, será de vital importância para o bom desenvolvimento do trabalho do psicólogo hospitalar, seja com o paciente ou com a equipe.
No ambiente hospitalar principalmente, o aspecto espiritual é bastante relevante, na medida em que o paciente encontra-se frágil diante de suas outras dimensões (biopsico), fazendo-se necessária a atenção por parte dos psicólogos durante seus atendimentos.Mas é importante se estar atento para a diferença entre religião e espiritualidade, para que as intervenções não se percam na ótica da religiosidade (institucionalização), o que será abordado não são os dogmas, mas sim seus efeitos na aderência ou não do tratamento.
A fé pode ser benéfica, auxiliando o tratamento, ajudando o paciente a voltar-se para os cuidados com a sua saúde ou confortá-lo nas situações de terminalidade, mas pode também ser maléfica, na medida que em nome de uma religião ou de uma cura divina se abandonam tratamentos.
Para que o psicólogo possa colaborar com o paciente a fim de evitar enganos, é fundamental um olhar holístico a respeito deste ser humano. Segundo Del Santi, o homem só adoece na totalidade. Mesmo se a doença for localizada, o ser humano expressa: eu estou doente. (in Silva, 1994, p.89)
A Psicologia tem um papel importante neste processo, onde a dinâmica hospitalar exige uma interdisciplinaridade, suscitando uma série de dificuldades que podem ser mediadas pelo psicólogo que tenha esta visão biopsicoespiritual.
Pensando no momento atual que o homem atravessa, onde as exigências sociais, culturais e econômicas o conduz ao distanciando-o de si mesmo, é de vital importância que quando este homem se veja fragilizado e sem as armaduras impostas pelo social, ele possa ser ouvido e compreendido por pessoas que consigam enxergar além de um órgão, de uma doença, e sim como um ser humano que talvez possa estar retornando para si mesmo.
Adriana Bonneterre

Envelhecimento não é velhice

A história nos mostra que o desejo em prolongar a vida, retardar ou tentar controlar o envelhecimento é intrínseco ao ser humano, e faz parte de sua procura pela “fonte da juventude” e felicidade completa. A busca é contínua e quanto mais as pesquisas científicas avançam, os processos se modernizam abrindo espaços para que tenhamos uma vida mais saudável e plena.
Com o intuito de refletir sobre o que acontece quando chega a terceira idade, é preciso esboçar algumas idéias que se relacionam com o tema da velhice e com o processo de envelhecimento.
Sabemos que envelhecemos desde o dia em que fomos concebidos e que o envelhecimento é um processo que percorre toda a nossa vida. Por que só pensamos e damos importância a isso em um determinado momento da vida? Mais do que isso, por que nos pré-ocupar com isso, já que sabemos ser um processo natural?
Há atualmente, uma crescente preocupação em voltar o olhar para questões referentes ao envelhecimento; percebido por matérias em jornais, revistas, programas de televisão, cursos específicos para a "terceira idade" e cursos profissionais. Esta se apresenta como uma dualidade: se por um lado, há uma ansiedade em evitar que os sinais do envelhecimento apareçam, o que se evidencia na grande procura por cirurgias plásticas, nas maratonas de ginástica, nas "multi" vitaminas, na busca pelo corpo perfeito; por outro lado, há o aumento da população que não consegue acompanhar estes padrões, por motivos sócio-econômicos e que vive um grande dilema.
Toda mudança ocorrida no idoso, implica num conjunto de situações biológicas, fisiológicas, sociais, econômicas, mas também psicológicas que compõem o cotidiano das pessoas que vivem essa fase.
O envelhecimento é acompanhado de mudanças com grau acentuado de variação entre os indivíduos. Uma coisa, porém, é inegável. O envelhecimento traz a regressão de funções e aumento da vulnerabilidade e da aproximação da morte. Mas de que morte falamos? Da morte, perda da vida ou da morte-perda-de-possibilidades, ao longo da vida?
Enquanto vivemos, passamos por uma sucessão de ganhos e perdas. Em outras fases, os ganhos superam as perdas. Apesar destes dois aspectos estarem estritamente ligados: Na criança é preciso perder um dente-de-leite para que o dente permanente possa aparecer. Nos idosos, as perdas não trazem aquisições consideradas benéficas pela pessoa, pelo contrário é considerada como um dado que marca e notifica a chegada da finitude.
Penso que a principal diferença entre a juventude e a velhice é a vivência da temporalidade. A dificuldade em se lidar com o tempo é comum em todas as idades, mas ela se evidencia de maneira diferente no velho: o corpo que está diferente escancara esta relação com o tempo. Neste sentido, é válido dizer que tanto a velhice, quanto o momento em que ela se dá, não são rígidos, varia de pessoa para pessoa, de acordo com o momento de vida, e seus acontecimentos. Apesar dessas perdas serem, muitas vezes semelhantes, vale ressaltar que a terceira idade não forma um grupo homogêneo de fácil identificação nas características sociais, mentais, culturais, raciais, fisiológicas e profissionais. São indivíduos com diferentes histórias construídas em sua trajetória. A maneira como se estrutura o subjetivo varia de acordo com o indivíduo, e não com a idade. O que trazem, ao certo, é a sua faixa etária diversificada e um processo de envelhecimento físico e mental. Sendo o inconsciente atemporal, acreditamos que independente da idade, existem pessoas que se concentram muito nas perdas e não conseguem seguir adiante. Outras, ignoram as perdas assim como os ganhos, e tem dificuldade de dar sentido à própria vida; e algumas lidam com seu envelhecimento de forma natural encarando suas perdas e valorizando seus ganhos.
Segundo Lya Luft a vida não tece apenas uma teia de perdas mas, nos proporciona uma sucessão de ganhos. O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar. Entendemos assim, que este equilíbrio proporcionará um envelhecimento e não a velhice.
Não temos a pretensão de esgotar o assunto. Ao contrário, desejamos abrir um ponto de discussão. “visando adicionar mais vida aos anos, do que anos à vida”.

Sandra Santos

Profissionais

Adriana Bonneterre - CRP 05/31697
Graduada em Psicologia - Universidade Estácio de Sá
Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro

Sandra Santos - CRP05/31553
Graduada em Psicologia - Universidade Estácio de Sá
Especialista em Psicologia Hospitalar pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro


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